sábado, 20 de julho de 2019
segunda-feira, 12 de março de 2018
CURSO "GOLPE 2016" - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - novo email
Bom dia a todos e todas,
o curso sobre o GOLPE de 2016 NA uem (ainda em construção), avisa que o formulário de pré-inscrição deve ser feito pelo novo endereço email:
macedane@hotmail.com
(o endereço anterior não está funcionando e quem, porventura, tenha feito a pré-inscrição, por favor, refaça).
segunda-feira, 5 de março de 2018
CURSO LIVRE: O GOLPE DE 2016 E A EDUCAÇÃO NO BRASIL (email para inscrição)
O endereco email para inscrição no CURSO LIVRE: O GOLPE DE 2016 E A EDUCAÇÃO NO BRASIL É:
golpe2016UEM@activist.com
Para inscrição, preencher os dados abaixo:
NOME COMPLETO:
DATA DE NASCIMENTO:
GÊNERO:
ENDERECÇO POSTAL:
ENDEREÇO ELETRÔNICO:
TELEFONE FIXO:
TELEFONE CELULAR:
ENDEREÇO DA REDE SOCIAL (FACEBOOK, de preferência):
BLOG/SITE (opcional):
RESPONDA À PERGUNTA: "POR QUE FOI GOLPE?!?
sexta-feira, 2 de março de 2018
Universidade Estadual de Maringá
Centro de Ciências Exatas
CURSO LIVRE: O GOLPE DE 2016 E A EDUCAÇÃO NO BRASIL
Coordenação: Prof. Marcos Cesar Danhoni Neves
Dia / Horário: Quinta-feira, das 17:00 às 19:00 horas (em ABRIL – data a ser confirmada)
Inscrição em email exclusivo a ser fornecido
Ementa:
O curso inspira-se em disciplina oferecida na Universidade de Brasília pelos docentes Luis Felipe Miguel e Karina Damous Duailibe, reconhecendo a importância desta iniciativa. Contrários às iniciativas em curso de liquidar com a autonomia universitária e a liberdade de pesquisa e ensino crítico na universidade, o curso tem por objetivo analisar o contexto histórico do golpe de Estado no Brasil, entendido como mecanismo de manutenção e controle do Estado pela elite dominante, focando particularmente no Golpe de 2016 e seus desdobramentos no processo de sucateamento da educação estatal (pública) brasileira.
PROGRAMAÇÃO (em construção)
. O fascismo italiano e o nazismo alemão: o berço de toda maldade e intolerância
. O Integralismo brasileiro: origens históricas
. O neonazifascismo brasileiro: movimentos de juventude de direita à semelhança da juventude hitlerista.
. As jornadas fascistas de junho de 2013: a aposta na baderna para a direita vencer a eleição de 2014 (prováveis financiadores internos e externos) – Plano A.
. Plano B: Dilma vencendo as eleições e as pautas-bombas de Cunha e Aécio.
. A farsa do Mensalão e a orientação do STF que destravaram os mecanismos do Golpe de 2016.
. A farsa da Lava-Jato: punição de um só partido.
. O juiz midiático e sua corte de seguidores nos MPs e TRFs.
. As Desmedidas e as Dez-Medidas de Moro e Dallagnol: Judiciário golpista.
. A destruição da ciência e tecnologia brasileira: Base de Alcântara, Pré-Sal, estaleiros, submarino nuclear.
. A destruição da educação brasileira: deforma do Ensino Médio (em direção à década de 1970 com a Lei 5692), deforma na BNCC, destruição do PARFOR, desfiguração do PIBID, corte de verbas para universidades e Programas de formação, propostas de “Escolas Sem Partido”, destruição absoluta do CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS, invasão de universidades, prisão de dirigentes universitário, criminalização de docentes contra o golpe e o suicídio de Cancellier
. A destruição da cultura brasileira: desfiguração completa do Ministério da Cultura, criminalização de obras de arte em Museus (Queer, MASP), censura sobre o Carnaval, criminalização da diversidade cultural e de gênero.
. O discurso de JUCÁ: golpe parlamentar-jurídico-midiático e MILITAR (intervenção militar no RJ).
. Discussão de filmes: 1984, A Onda, O Vento será tua Herança, Admirável Mundo Novo, The Animal Farm.
Bibliografia:
ALVES, G. O golpe de 2016 no contexto da crise do capitalismo neoliberal. Publicado em 08/06/2016.
BIANCHI, A. O que é um golpe de Estaod? Disponível em: http://blogjunho.com.br/o-que-e-um-golpe-de-estado/ , 2016.
CALIL, G.G., SILVA, M.A.B. (org.), Ditaduras e Democracias: Estudos sobre poder, hegemonia e regimes políticos no Brasil (1945-2014). Porto Alegre: FCM, 2014.
CARVALHO, L. 10 perguntas e respostas sobre a PEC 241. Publicado EM 13/10/2016.
DANHONI NEVES, M.C. Memórias do Invisível. Maringá: EDUEM, 2005.
__________________ Da indigência intelectual dos golpistas. Disponível em: https://www.brigadaherzog.com/single-post/2016/09/16/DA-INDIG%C3%8ANCIA-INTELECTUAL-DOS-GOLPISTAS , 2016.
___________________ O artigo sobre delação que Moro traduziu de um juiz dos EUA prega o oposto do que faz a Lava Jato. Disponível em: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-artigo-sobre-delacao-que-moro-traduziu-prega-o-oposto-do-que-faz-a-lava-jato-por-marcos-danhoni/ , 2016.
___________________ As semelhanças entre Moro e Di Pietro, o ex-juiz italiano que se lançou na política pelas e Mãos Limpas. Disponível em: https://www.conversaafiada.com.br/mundo/juiz-da-maos-limpas-destruiu-a-politica-moro-idem , 2017.
___________________ Superficiais e medíocre: professor e pesquisador conta porque reprovaria a dupla Moro e Dallagnol. Disponível em: https://www.revistaforum.com.br/superficiais-e-mediocres-professor-e-pesquisador-conta-por-que-reprovaria-dupla-moro-e-dallagnol/ , 2017
GALLEGO, E.S. Populismo de direita: guerras culturais e antipetismo. Disponível em: http://library.fes.de/pdf-files/bueros/brasilien/13540.pdf , 2017
GOMES, P. O infeliz retorno à 1964. Justificando. Disponível em http://justificando.cartacapital.com.br/2017/10/28/brasil-e-o-infeliz-retorno-1964/ , 2017.
JINKINGS, I., DORIA, K., CLETO, M. Por que gritamos Golpe? São Paulo: Boitempo, 2016. (Disponível em: https://aquisefala.files.wordpress.com/2016/09/porque-gritamos-golpe.pdf)
NOBRE, M. Choque de Democracia: As razões da revolta. São Paulo: Cia. das Letras, 2015.
NOGUEIRA, K. Por que Moro não obteve o título honoris causa na Universidade onde se formou. Disponível em: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-moro-nao-obteve-titulo-honoris-causa-na-universidade-onde-se-formou-por-kiko-nogueira/ , 2017
OFFE, C., Problemas estruturais do estado capitalista. Riode Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
RANCIÈRE, J., O ódio à democracia. São Paulo: Boitempo, 2014. (Disponível em: https://psicanalisepolitica.files.wordpress.com/2014/10/o-odio-a-democracia-jacques-ranciere.pdf)
REIS, D.A., RIDENTI, M., MOTTA, R.P.S. O golpe e a ditadura militar: quarenta anos depois (1964-2004). Edusc, 2005.
SADER, E., Quando novos personagens entraram em cena. 4ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
SAKAMOTO, L. O governo Temer escolhe o inimigo: os direitos adquiridos pelos mais pobres. Publicado em 17/05/2016.
STREECK, W. As crises do capitalismo democrático. Novos Estudos, 2012.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
sábado, 1 de dezembro de 2012
AINDA SOBRE PSICOPATAS NO AMBIENTE DE TRABALHO
O pior da existência de psicopatas no ambiente de trabalho é a anuência da direção de Instituições, em diferentes níveis, com os crimes perpetrados, e com a cooptação do psicopata em si, para tentar calá-lo: estratégia ruim, pois o psicopata é uma bomba relógio.
Recentemente, após uma psicopata ser afastada de seu grau de direção, atuou em outro âmbito, criando novo ambiente favorável e perpetrando novo golpe para assumir a direção de um órgão de representação de trabalhadores.
A comunidade, invariavelmente a-crítica, é conduzida como gado alegremente ao abate, como estabelece a estudiosa em psicopatologias, Ana Beatriz Barbosa Silva ("Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado").
Bem próximos de nós, a direção maior da Instituição dá abrigo, por cooptação e a outra parte, por peleguismo, ao psicopata e às suas comandadas (reunidas numa espécie de "irmandade" ou "pseudo-guetos de reivindicação de-toda-espécie").
E aqui estamos falando de alguém que arruinou um programa de pós-graduação, um ambiente de luta de trabalhadores em plena negociação com o governo e dezenas de dezenas de vidas, incluindo a devastação de vida no momento exato de sua defesa de tese, além da propalação da infâmia, da difamação e da calúnia.
Leia abaixo a INTRODUÇÃO do livro de Ana Beatriz:
INTRODUÇÃO
O escorpião aproximou-se do sapo que estava à beira do rio. Como não sabia nadar, pediu uma carona para chegar à outra margem.
Desconfiado, o sapo respondeu: “Ora, escorpião, só se eu fosse tolo demais! Você é traiçoeiro, vai me picar, soltar o seu veneno e eu vou morrer.”
Mesmo assim o escorpião insistiu, com o argumento lógico de que se picasse o sapo ambos morreriam. Com promessas de que poderia ficar tranquilo, o sapo cedeu, acomodou o escorpião em suas costas e começou a nadar.
Ao fim da travessia, o escorpião cravou o seu ferrão mortal no sapo e saltou ileso em terra firme.
Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo desesperado quis saber o porquê de tamanha crueldade. E o escorpião respondeu friamente:
— Porque essa é a minha natureza!
Vez por outra, essa fábula surge em minha mente, seja no cotidiano profissional ou através do acompanhamento das notícias diárias, pelos jornais e TV. Trata-se de uma história arquetípica, que ilustra exemplarmente a natureza das pessoas que serão analisadas e descritas, ao longo deste livro.
A ideia de escrever sobre psicopatas surgiu em razão do momento violento, desumano e marcado por escândalos que nos abatem, mas também serve como um alerta aos desprevenidos quanto à ação destruidora desses indivíduos. Devo admitir minha ousadia, mas não pude resistir às inúmeras solicitações dos meus leitores, pacientes, conhecidos e amigos.
Quando pensamos em psicopatia, logo nos vem à mente um sujeito com cara de mau, truculento, de aparência descuidada, pinta de assassino e desvios comportamentais tão óbvios que poderíamos reconhecê-lo sem pestanejar. Isso é um grande equívoco!
Para os desavisados, reconhecê-los não é uma tarefa tão fácil quanto se imagina. Os psicopatas enganam e representam muitíssimo bem! Seus talentos teatrais e seu poder de convencimento são tão impressionantes que chegam a usar as pessoas com a única intenção de atingir seus sórdidos objetivos. Tudo isso sem qualquer aviso prévio, em grande estilo, doa a quem doer.
Mas quem são essas criaturas tão nocivas? São pessoas loucas ou perturbadas? O que fazem, o que sentem? Como e onde vivem? Todos são assassinos?
Este livro discorre sobre pessoas frias, insensíveis, manipuladoras, perversas, transgressoras de regras sociais, impiedosas, imorais, sem consciência e desprovidas de sentimento de compaixão, culpa ou remorso. Esses “predadores sociais” com aparência humana estão por aí, misturados conosco, incógnitos, infiltrados em todos os setores sociais. São homens, mulheres, de qualquer raça, credo ou nível social. Trabalham, estudam, fazem carreiras, se casam, têm filhos, mas definitivamente não são como a maioria das pessoas: aquelas a quem chamaríamos de “pessoas do bem”.
Em casos extremos, os psicopatas matam a sangue-frio, com requintes de crueldade, sem medo e sem arrependimento. Porém, o que a sociedade desconhece é que os psicopatas, em sua grande maioria, não são assassinos e vivem como se fossem pessoas comuns.
Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloquentes, “inteligentes”, envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas o benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade.
A realidade é contundente e cruel, entretanto, o mais impactante é que a maioria esmagadora está do lado de fora das grades, convivendo diariamente com todos nós. Transitam tranquilamente pelas ruas, cruzam nossos caminhos, frequentam as mesmas festas, dividem o mesmo teto, dormem na mesma cama...
Apesar de mais de vinte anos de profissão, ainda fico muito surpresa e sensibilizada com a quantidade de pacientes que me procuram com suas vidas arruinadas, totalmente em frangalhos, alvejadas por esses “seres bípedes” que sugam o nosso sangue e vampirizam a nossa alma.
É importante ressaltar que os psicopatas possuem níveis variados de gravidade: leve, moderado e grave. Os primeiros se dedicam a trapacear, aplicar golpes e pequenos roubos, mas provavelmente não “sujarão as mãos de sangue” ou matarão suas vítimas. Já os últimos, botam verdadeiramente a “mão na massa”, com métodos cruéis sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais. Mas não se iluda! Qualquer que seja o grau de gravidade, todos, invariavelmente, deixam marcas de destruição por onde passam, sem piedade.
Além de psicopatas, eles também recebem as denominações de sociopatas, personalidades antissociais, personalidades psicopáticas, personalidades dissociais, personalidades amorais, entre outras. Embora alguns estudiosos prefiram diferenciá-los, no meu entendimento esses termos se equivalem e descrevem o mesmo perfil. No entanto, por uma questão de foro íntimo e visando facilitar a compreensão, o termo psicopata será o utilizado neste livro.
A parte racional ou cognitiva dos psicopatas é perfeita e íntegra, por isso sabem perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional. Assim, concordo plenamente quando alguns autores dizem, de forma metafórica, que os psicopatas entendem a letra de uma canção, mas são incapazes de compreender a melodia.
Com base nessa premissa, optei por não inserir trechos de letras de canções brasileiras na abertura dos capítulos, recurso narrativo que costumo adotar em minhas obras. Música é emoção, sentida com a alma. Entendo que repetir a mesma fórmula ao descrever o comportamento de criaturas desprovidas de afetividade seria, no mínimo, um contrassenso.
Aqui não me proponho, sob qualquer hipótese, a oferecer ajuda terapêutica aos indivíduos com esse perfil. Ao contrário, o meu objetivo é informar o público em geral, para que fique de olhos e ouvidos bem abertos, despertos e prevenidos. Suas vítimas prediletas são as pessoas mais sensíveis, mais puras de alma e de coração...
Também tenho como propósito expor parâmetros para que possamos avaliar, em que escala, cada um de nós está contribuindo para promover uma cultura social na qual a psicopatia encontra um terreno fértil para prosperar.
Esta obra contém histórias reais que me foram relatadas por vítimas de psicopatas, direta ou indiretamente, e casos tratados com destaque na imprensa. Não estou afirmando que os exemplos aqui citados representam autênticos psicopatas, e sim que ilustram de forma bastante didática comportamentos que um psicopata típico teria. Além disso, todos os casos apresentados se prestam muito bem à exemplificação dos mais diversos níveis de psicopatia, desde os mais leves até os moderados e severos.
Dessa forma, tentei esquadrinhar e tornar o tema o mais abrangente possível, a fim de responder a uma série de perguntas que, na maioria das vezes, nos deixa absolutamente confusos. Assim espero contribuir para que as pessoas se previnam das ameaças que nos rondam de forma silenciosa. Estou convencida de que falhas em nossas organizações familiares, educacionais e sociais são dados importantes e merecem estudos aprofundados e toda a nossa atenção, mas por si só não são suficientes para explicar o fenômeno da psicopatia.
A natureza dos psicopatas é devastadora, assustadora, e, aos poucos, a ciência começa a se aprofundar e a compreender aquilo que contradiz a própria natureza humana.
O conteúdo aqui exposto é denso e intrigante. As páginas percorrem as mentes sombrias de criaturas cujas vidas parecem não ter se desenvolvido totalmente. Saber identificá-las pode ser um antídoto (talvez o único) contra seu veneno paralisante e mortal. Infelizmente a desinformação nos torna vulneráveis, indefesos como “sapos tolos”, fisgados pelas habilidades camaleônicas dos “escorpiões”.
Prepare-se, porque certamente você conhece, já ouviu falar ou convive com um deles.
sábado, 1 de setembro de 2012
DO INÍCIO ...
Ontem ao percorrer a memória fotográfica de parentes, encontrei uma foto da família de meu pai, tirada provavelmente no final da década de 40 , início da década de 50. Ele é o segundo da direita para a esquerda.
sábado, 11 de agosto de 2012
UM ATO NECESSÁRIO: INFORMAR SOBRE OS PSICOPATAS NO AMBIENTE DE TRABALHO
Para quem já foi vítima de psicopatas e de seus adeptos no ambiente de trabalho, ou estão expostos à eles, segue abaixo um excerto fundamental da obra de uma conhecida estudiosa do fenômeno da Psicopatia:
Os psicopatas no mundo profissional
Fase I – Ingresso na empres
Esta fase corresponde basicamente à entrevista de emprego. Nessa ocasião o candidato psicopata mostra-se cativante, seguro e charmoso. Utiliza-se de todo seu arsenal sedutor com o objetivo claro de impressionar o entrevistador da forma mais positiva possível.
Fase II – Estudo do território (avaliação)
Nessa etapa o psicopata já se encontra empregado. Procura então descobrir, de forma mais rápida possível, quem são aas pessoas que possuem voz ativa na empresa. Logo em seguida trata de construir relações pessoais, de preferência íntimas, com esses funcionários influentes.
Fase 3 – Manipulação de pessoas e fatos
De forma maquiavélica (intencional), espalha falsas informações para que seja visto de forma positiva e os outros de maneira negativa perante as chefias. Semeia desconfiança entre os funcionários, jogando-os uns contra os outros. Disfarça-se de “amigo”, contando aos colegas sobre outros que o difamaram. Estabelece contato individual com as pessoas, mas evita reuniões ou situações nas quais precise se posicionar perante todo o grupo. Mantém-se “camuflado” para levar adiante a estratégia de ascenção ao poder.
Fase 4 – Confrontação
Nessa fase os psicopatas “de terno e gravata” abandonam as pessoas que havia cortejado anteriormente e que não são mais úteis à sua ascenção profissional. Num requinte de maldade, eles utilizam a humilhação como arma para manterem suas vítimas em silêncio. Dessa forma, as pessoas que mais foram exploradas são aquelas que menos se dispõem a falar sobre suas experiências.
Fase 5 – Ascenção
Tal qual um jogo de xadrez, essa é a hora do xeque-mate, é ahora do golpe fatal. Após colocar líderes e chefias uns contra os outros, o psicopata de “terno e gravata” toma o lugar do seu superior, que geralmente é demitido ou rebaixado de cargo e função.
É importante lembrarmos que a ausência de consciência e de medo torna essas pessoas potencialmente ardilosas e perigosas. Para elas, infringir as normas e externar seus desejos agressivos e predatórios sem qualquer escrúpulo ou culpa são atitudes “naturais” e , por isso mesmo, isentas de qualquer autocrítica.
Fonte: do livro "MENTES PERIGOSAS: O PSICOPATA MORA AO LADO",
De Ana Beatriz Barbosa Silva. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, pp. 97-98/
domingo, 22 de julho de 2012
CUIDADO: PSICOPATAS NO AMBIENTE DE TRABALHO - NOVOS LIVROS LANÇAM LUZ À ESCURIDÃO DE QUEM SOFREU COM ELES
Matizes de psicopatia e ambição saem de controle
Eis um enigma médico: quando um traço de uma doença pode ser pior do que uma manifestação completa da enfermidade ?
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E eis uma dica: pior para quem? Suponha que não é com a pessoa doente que estamos preocupados, mas com os amigos, familiares, colegas e clientes do indivíduo. Os autores de "Almost a Psychopath" ("Quase um psicopata") sugerem que as pessoas que apresentam apenas algumas das características mais perigosas de um psicopata podem custar ainda mais caro para a comunidade do que aquelas que recebem o diagnóstico de fato, já que os psicopatas parciais são muito mais penetrantes e evasivos.
"Os psicopatas fazem parte de nossa vida profissional", escrevem os autores (o Dr. Ronald Schouten tem graduação em Direito e Medicina e é psiquiatra da Faculdade de Medicina de Harvard; James Silver é advogado de defesa criminal). A maioria das pessoas, porém, não corre riscos de conhecer um desses criminosos profissionais; os especialistas estimam que eles representam apenas cerca de 1 por cento da população.
É muito mais comum cair nas garras de alguém de dentro do espectro psicótico que tenha encanto, egoísmo, falsidade, agressividade, espírito manipulador e falta de empatia suficientes para fazer o que bem quer com a mente alheia – e normalidade suficiente para não ser identificado. Na verdade, o que esses autores chamam de "quase psicopatas" são também chamados de "psicopatas bem-sucedidos", porque muitas vezes eles se dão muito bem na vida, apesar do acúmulo gradual de vítimas em seu rastro.
Schouten e Silver escreveram um livro de autoajuda sofisticado, direcionado principalmente para tais vítimas – pais, cônjuges e colegas de trabalho – mas também para qualquer pessoa que possa sentir algum desses traços em si mesma. Os autores incluem uma discussão detalhada dos processos de pensamento por trás de uma avaliação psiquiátrica e uma visão geral de teorias ainda preliminares de causalidade.
Os quase-psicopatas são intrinsicamente fascinantes; eles podem ascender e decair na vida (certos rebentos das políticas e finanças vêm à mente) ou simplesmente provocar sofrimentos em menor ou maior escala, assumindo papéis de cônjuges controladores, colegas manipuladores ou adolescentes incontroláveis.
No trabalho, eles podem ser competentes, autodisciplinados e alcançar objetivos ambiciosos. Em casa, podem ser encantadores e muito divertidos. E por dentro, podem ser tão moralmente vazios quanto qualquer psicopata de verdade, mas os quase-psicopatas são alertas o suficiente para manter alguns de seus piores instintos sob controle, permanecer empregados e ficar fora de problemas jurídicos relevantes.
Como agir quando um quase-psicopata faz parte de nossa vida? Schouten e Silver sugerem alguns passos básicos, nenhum deles particularmente surpreendente. Quem é pai de um quase-psicopata certamente precisa recorrer a ajuda profissional. Talvez dados que sugerem que as crianças podem superar comportamentos preocupantes possam servir como um consolo por um bom tempo, mas é improvável que apenas esperar que eles passem naturalmente seja uma boa tática.
Se você é amigo ou cônjuge de um quase-psicopata, deve saber quando deve parar de negociar, afastar-se ou cair fora; o mesmo vale para os colegas de trabalho e funcionários. Como os autores enfatizam, os quase-psicopatas 'fazem muito melhor o que fazem do que nós ao tentarmos identificá-los e detê-los. E às vezes isso requer que escapemos de uma situação ruim e permitamos que outros caiam em si dentro de seu próprio ritmo'.
Os políticos e financistas não são os únicos profissionais que podem ser impulsionados para a estratosfera por suas falhas psíquicas. É rotina ver homens e mulheres da ciência que voam alto com o mesmo combustível, apesar de vários códigos profissionais e da afirmação invariável de que eles fazem o que fazem para o benefício duradouro da humanidade. Em 'Prize Fight' ('Luta pelo prêmio'), o Dr. Morton A. Meyers apresenta um inventário completo dos comportamentos inglórios provocados por esse amor pelos outros, evidência clara de que os transtornos de personalidade abundam nas artes da cura e das ciências também.
A gama de más condutas levantada por Meyers inclui o plágio e a fabricação de dados, como os ratos brancos que se tornaram pretos com algumas pinceladas da caneta de feltro de um pesquisador. Mas o verdadeiro assunto que Meyers aborda são os conflitos mais sutis que vieram à tona quando pesquisas realmente importantes começaram a tomar forma, e os atores principais se encontram fantasiando sobre aquele telefonema de Estocolmo, um dos primeiros sintomas da doença chamada 'nobelite'.
Dois casos desse contágio destrutivo, mas felizmente incomum, afetaram jovens investigadores ambiciosos e seus orientadores, igualmente ambiciosos. Em termos mais simples, os jovens fizeram o trabalho pesado, enquanto os mais velhos receberam o financiamento, o crédito e o prêmio. Membros da contenciosa equipe canadense responsável pela descoberta da insulina em 1923, na verdade, acabaram passando rasteira uns nos outros; as disputas que cercam o isolamento do medicamento antituberculose estreptomicina em 1943 foram limitadas ao âmbito jurídico, mas ressoaram durante uma década, amargurando todos os envolvidos.
Mais recentemente, o combate em torno do desenvolvimento da ressonância magnética não se deu entre professor e aluno, mas entre pesquisadores consagrados. Meyers é professor de Radiologia e Medicina da Universidade Stony Brook e conhece em primeira mão tanto a pesquisa científica quanto algumas das personalidades envolvidas aqui. Embora sua narrativa descambe um pouco para histórias pessoais e detalhes técnicos opacos, ele pinta um retrato claro de uma disputa por glória e dinheiro que se manifesta em manobras tão sutis quanto a omissão de uma nota de rodapé e tão extravagantes quanto uma série de anúncios de página inteira de jornal exigindo que o comitê do Nobel reconsidere uma decisão.
Talvez alguns leitores consigam tomar partido nessa batalha. Outros vão ficar com a sensação infeliz de que no caldeirão de alta pressão que é a pesquisa médica moderna, o maior desafio para muitos envolvidos pode não ser a própria ciência, mas alcançar e manter o desprendimento e a integridade necessários. Talvez o bom comportamento no laboratório mereça agora virar uma categoria em si no prêmio Nobel.
Sobre os livros
'Almost A Psychopath: Do I (or Does Someone I Know) Have a Problem With Manipulation and Lack of Empathy?' –'Quase um psicopata: eu (ou alguém que eu conheço) tem algum problema com a manipulação e a falta de empatia?', de Ronald Schouten e James Silver. 280 páginas. Hazelden. 14,95 dólares.
'Prize Fight: The Race and the Rivalry to Be the First in Science' –'Luta pelo prêmio: a competição e a rivalidade para ser o primeiro na ciência', de Morton A. Meyers. 262 páginas. Macmillan. 27 dólares.
In: http://nytsyn.br.msn.com/cienciaetecnologia/matizes-de-psicopatia-e-ambi%c3%a7%c3%a3o-saem-de-controle#page=1
sexta-feira, 20 de abril de 2012
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
domingo, 25 de setembro de 2011
O DIFICIL TRABALHO DA TRADUÇÃO: PAOLO GALLUZZI NO BRASIL
Na noite do dia 22 de setembro de 2011 tivemos no R.U. da UEM a plaestra do Prof. Paolo Galluzzi, Diretor do MUSEO GALILEO, de Florença, Itália.
Fui o tradutor da palestra, proferida na língua de Galileo. Lutei contra a má tradição "traduttore-tradittori".
Foi um momento ímpar para o Departamento de Física e para a Universidade Estadual de Maringá como um todo.
Confira em www.galileo-400-anos.blogspot.com
sábado, 27 de agosto de 2011
PROF. PAOLO GALLUZZI NO BRASIL
Sob os auspícios da nova gestão da SBPC-PR, com auxílio da Direção do Centro de Ciências Exatas, do projeto OBSERVATÓRIO DA EDUCAÇÃO (Laboratório de Criação Visual da UEM), do Programa de Pós-Graduação em Wducação para a Ciência e a Tecnologia da UTFPR (PG), do DEARTES-UEPG e do MAST, teremos no final de setembro três palestras com o Prof. Paolo Galluzzi (foto - ao lado do Prof. Marcos Danhoni), diretor do MUSEO GALILEO (antigo ISTITUTO E MUSEO DI STORIA DELLA SCIENZA), de Florença (Itália).
Serão dois os temas das palestras (com tradução simultânea):
1. Il Museo Galileo : capolavori della scienza (presentazione delle collezioni e delle attività divulgative e di ricerca) ["O Museu Galileu: obras-primas da ciência - apresentação das coleções e das atividades de divulgação e de pesquisa") (23 de setembro - UEM e 28 de setembro no MAST)
2. L'ombra della luce: la mente di Leonardo da Vinci al lume di candela ("À sombra da luz: a mente de Leonardo da Vinci à luz de uma vela") [26 de setembro na UTFPR-UEPG a/c da APG-UEPG e PPGECT).
segunda-feira, 13 de junho de 2011
O Invencível, Mandela!
Das profundezas da noite que me cobre,
negra de uma extremidade à outra,
eu agradeço a quem forem os deuses
por minha alma inconquistável.
Nas cruéis garras da contingência
nunca me lamentei sob os golpes do acaso.
Ainda que com a cabeça ensangüentada,
nunca a rebaixei.
Além deste poço de raiva e lágrimas
e do horror da escuridão
e do avançar inexorável dos anos,
encontrei em mim o destemor,
sem me importar com a estreiteza da passagem
ou com a punição dos pergaminhos.
Eu sou o mestre de meu destino.
Eu sou o capitão de minha alma.
William Ernest Henley (1888). A book of verses. London: D. Nutt
(tradução/versão: Marcos Cesar Danhoni Neves)
sábado, 11 de junho de 2011
AS RUÍNAS CIRCULARES ...
Um dos grandes contos de Jorge Luis Borges:
AS RUINAS CIRCULARES
Ninguém o viu desembarcar na unânime noite, ninguém viu a canoa de bambu sumindo-se no lodo sagrado, mas em poucos dias ninguém ignorava que o homem taciturno vinha do Sul e que sua pátria era uma das infinitas aldeias que estão águas acima, no flanco violento da montanha, onde o idioma zenda não se contaminou de grego e onde é infreqüente a lepra. O certo é que o homem cinza beijou o lodo, subiu as encostas da ribeira sem afastar (provavelmente, sem sentir) as espadanas que lhe dilaceravam as carnes e se arrastou, mareado e ensangüentado, até o recinto circular que coroa um tigre ou cavalo de pedra, que teve certa vez a cor do fogo e agora a da cinza. Esse círculo é um templo que os incêndios antigos devoraram, que a selva palúdica profanou e cujo deus não recebe honra dos homens. O forasteiro estendeu-se sob o pedestal. O sol alto o despertou. Comprovou sem assombro que as feridas cicatrizaram; fechou os olhos pálidos e dormiu, não por fraqueza da carne, mas por determinação da vontade. Sabia que esse templo era o lugar que seu invencível propósito postulava; sabia que as árvores incessantes não conseguiram estrangular, rio abaixo, as ruínas de outro templo propício, também de deuses incendiados e mortos; sabia que sua imediata obrigação era o sonho. Por volta da meia-noite, despertou-o o grito inconsolável de um pássaro. Rastros de pés descalços, alguns figos e um cântaro advertiram-no de que os homens da região haviam espiado respeitosos seu sonho e solicitavam-lhe o cuidado ou temiam-lhe a mágica. Sentiu o frio do medo e na muralha dilapidada buscou um nicho sepulcral e se tapou com folhas desconhecidas.
O objetivo que o guiava não era impossível, ainda que sobrenatural. Queria sonhar um homem: queria sonhá-lo com integridade minuciosa e impô-lo à realidade. Esse projeto mágico esgotara o inteiro espaço de sua alma; se alguém lhe perguntasse o próprio nome ou qualquer traço de sua vida anterior, não teria acertado na resposta. Convinha-lhe o templo inabitado e derruído, porque era um mínimo de mundo visível; a vizinhança dos lavradores também , porque estes se encarregam de suprir suas necessidades frugais. O arroz e as frutas de seu tributo eram pábulo suficiente para seu corpo, consagrado à única tarefa de dormir e sonhar.
No começo, eram caóticos os sonhos; pouco depois, foram de natureza dialética. O forasteiro sonhava-se no centro de um anfiteatro circular que era de certo modo o templo incendiado: nuvens de alunos taciturnos fatigavam os degraus; os rostos dos últimos pendiam há muitos séculos de distância e a uma altura estelar, mas eram absolutamente precisos. O homem ditava-lhes lições de Anatomia, de Cosmografia, de magia: as fisionomias concentravam-se ávidas e procuravam responder com entendimento, como se adivinhassem a importância daquele exame, que redimiria em cada um a condição de vã aparência e o interpolaria no mundo real. O homem, no sonho e na vigília, considerava as respostas de seus fantasmas, não se deixava iludir pelos impostores, previa em certas perplexidades uma inteligência crescente. Buscava uma alma que merecesse participar no universo.
Depois de nove ou dez noites, compreendeu, com alguma amargura, que não podia esperar nada daqueles alunos que passivamente aceitavam sua doutrina e sim daqueles que arriscavam, às vezes, uma contradição razoável. Os primeiros, embora dignos de amor e afeição, não podiam ascender a indivíduos; os últimos preexistiam um pouco mais. Uma tarde (agora também as tardes eram tributárias do sonho, agora velava apenas um par de horas no amanhecer) licenciou para sempre o vasto colégio ilusório e ficou com um só aluno. Era um rapaz taciturno, citrino, indócil às vezes, de feições afiladas repetindo as de seu sonhador. A brusca eliminação de seus condiscípulos não o desconcertou por muito tempo; seu progresso, no fim de poucas lições particulares, pôde maravilhar o mestre. Não obstante, sobreveio a catástrofe. O homem, um dia, emergiu do sono como de um deserto viscoso, olhou a luz vã da tarde que, à primeira vista, confundiu com a aurora e compreendeu que não sonhara. Toda essa noite e todo o dia, contra ele se abateu a intolerável lucidez da insônia. Quis explorar a selva, extenuar-se; somente alcançou entre a cicuta aragens de sonho débil, listradas fugazmente de visões do tipo rudimentar: inaproveitáveis. Quis congregar o colégio e apenas havia articular algumas breves palavras de exortação, este se deformou, se apagou. Na quase perpétua vigília, lágrimas de ira queimavam-lhe os velhos olhos.
Compreendeu que o empenho de modelar a matéria incoerente e vertiginosa de que se compõem os sonhos é o mais árduo que pode empreender um homem, ainda que penetre todos os enigmas da ordem superior e da inferior: muito mais árduo que tecer uma corda de areia ou amoedar o vento sem efígie. Compreendeu que um fracasso inicial era inevitável. Prometeu esquecer a enorme alucinação que no começo o desviara e buscou outro método de trabalho. Antes de exercitá-lo, dedicou um mês à recuperação das forças que o delírio havia exaurido. Abandonou toda premeditação de sonhar e quase imediatamente conseguiu dormir uma razoável parte do dia. As raras vezes que sonhou, durante esse período, não reparou nos sonhos. Para reatar a tarefa, esperou que o disco da lua fosse perfeito. Logo, à tarde, purificou-se nas águas do rio, adorou os deuses planetário, pronunciou as sílabas lícitas de um nome poderoso e dormiu. Quase subitamente, sonhou com um coração que pulsava.
Sonhou-o ativo, caloroso, secreto, do tamanho de um punho fechado, cor grená na penumbra de um corpo humano, ainda sem rosto ou sexo; com minucioso amor sonhou-o, durante quatorze lúcidas noites. Cada noite, percebia-o com maior evidência. Não o tocava: limitava-se a testemunhá-lo, observá-lo, talvez corrigi-lo com o olhar. Percebia-o, vivia-o, de muitas distâncias e ângulos. Na décima quarta noite, roçou a artéria pulmonar com o indicador e após todo o coração, por fora e por dentro. O exame o satisfez. Deliberadamente não sonhou durante uma noite: logo retomou o coração, invocou o nome de um planeta e empreendeu a visão de outro dos órgãos principais. Antes de um ano chegou ao esqueleto, às pálpebras. O pêlo inumerável foi talvez a mais difícil tarefa. Sonhou um homem inteiro, um moço, mas este não se incorporava nem falava, nem podia abrir os olhos. Noite após noite, o homem sonhava-o adormecido.
Nas cosmogonias gnósticas, os demiurgos amassam um vermelho Adão que não consegue pôr-se de pé; tão inábil e tosco e elementar como esse Adão de pó era o Adão de sonho que as noites do mago tinham fabricado. Uma tarde, o homem quase destruiu toda a sua obra, mas se arrependeu. (Mais lhe teria valido destruí-la.) Esgotados os votos aos numes da terra e do rio, arrojou-se aos pés da efígie que talvez fosse um tigre e talvez um potro, e implorou seu desconhecido socorro. Nesse crepúsculo, sonhou com a estátua. Sonhou-a viva, trêmula: não era um atroz bastardo de tigre e potro, mas simultaneamente essas duas criaturas veementes e também um touro, uma rosa, uma tempestade. Esse múltiplo deus revelou-lhe que seu nome terrenal era Fogo, que nesse templo circular (e noutros iguais) prestavam-lhe sacrifícios e culto e que magicamente animaria o fantasma sonhado, de tal sorte que todas as criaturas, exceto o próprio Fogo e o sonhador, julgassem-no um homem de carne e osso. Ordenou-lhe que uma vez instruído nos ritos, remetesse-o ao outro templo derruído, cujas pirâmides persistem águas abaixo, para que alguma voz o glorificasse naquele edifício deserto. No sonho do homem que sonhava, o sonhado despertou.
O mago executou essas ordens. Consagrou um prazo (que finalmente abrangeu dois anos) para desvendar-lhe os arcanos do universo e do culto do fogo. Intimamente, doía-lhe separar-se dele. Com o pretexto da necessidade pedagógica, dilatava diariamente as horas dedicadas ao sonho. Também refez o ombro direito, talvez deficiente. Às vezes, inquietava-o uma impressão de que tudo isso havia acontecido... Em geral, eram-lhe felizes os dias; ao fechar os olhos pensava: Agora estarei com meu filho. Ou, mais raramente: O filho que gerei me espera e não existirá se eu não for.
Gradualmente, habituou-o à realidade. Uma vez determinou-lhe que embandeirasse um cume longínquo. No outro dia, flamejava a bandeira no cimo. Esboçou outras experiências análogas, cada vez mais audazes. Compreendeu com certo desgosto que seu filho estava pronto para nascer – e talvez impaciente. Nessa noite beijou-o pela primeira vez e enviou-o ao outro templo cujos despojos branqueiam rio abaixo, a muitas léguas de inextricável selva e pântano. Antes (para que nunca soubesse que era um fantasma, para que se acreditasse um homem como os outros) infundiu-lhe o esquecimento total de seus anos de aprendiz.
Sua vitória e sua paz ficaram embaciadas de fastio. Nos crepúsculos do entardecer e da alba, prostrava-se diante da figura de pedra, talvez imaginando que seu filho irreal praticasse idênticos ritos, noutras ruínas circulares, águas abaixo; de noite, não sonhava, ou sonhava como fazem todos os homens. Percebia com certa palidez os sons e formas do universo: o filho ausente se nutria dessas diminuições de alma. O propósito de sua vida fora atingido; o homem persistiu numa espécie de êxtase. No fim de um tempo que certos narradores de sua história preferem computar em anos e outros em lustros, dois remadores o despertaram, à meia-noite: não pôde ver seus rostos, mas lhe falaram de um homem mágico, num templo do Norte, capaz de tocar o fogo e não queimar-se. O mago recordou que de todas as criaturas que constituem o orbe, o fogo era o único que sabia ser seu filho um fantasma. Essa lembrança, apaziguadora no princípio, acabou por atormentá-lo. Temeu que seu filho meditasse nesse privilégio anormal e descobrisse de alguma maneira sua condição de mero simulacro. Não ser um homem, ser a projeção do sonho de outro homem, que humilhação incomparável, que vertigem! A todo pai interessam os filhos que procriou (que permitiu) numa simples confusão ou felicidade; é natural que o mago temesse pelo futuro daquele filho, pensado entranha por entranha e traço por traço, em mil e uma noites secretas.
O final de suas cavilações foi brusco, mas o anunciaram alguns sinais. Primeiro (no término de uma longa seca) uma remota nuvem numa colina, leve como um pássaro; logo, para o Sul, o céu que tinha a cor rosa da gengiva dos leopardos; depois as fumaradas que enferrujam o metal das noites; depois a fuga pânica das bestas. Porque se repetiu o acontecido faz muitos séculos. As ruínas do santuário do deus do fogo foram destruídas pelo fogo. Numa alvorada sem pássaros, o mago viu cingir-se contra os muros o incêndio concêntrico. Por um instante, pensou refugiar-se nas águas, mas em seguida compreendeu que a morte vinha coroar sua velhice e absolvê-lo dos trabalhos. Caminhou contra as línguas de fogo. Estas não morderam sua carne, estas o acariciaram e o inundaram sem calor e sem combustão. Com alívio, com humilhação, com terror, compreendeu que ele também era uma aparência, que outro o estava sonhando.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
DER PROZESS
"Mas um dos homens pôs-lhe as mãos no pescoço, enquanto o outro lhe enterrava profundamente a faca no coração e aí a girava duas vezes. Moribundo, K. viu ainda os dois homens muito peróximos de seu rosto, com as faces quase coladas, a observarem o desfecho.
— Como um cão! — disse. Era como se a vergonha devesse sobreviver-lhe."
Kafka, O Processo.
UM DISCURSO MEMORÁVEL
Há coisas na vida da gente que nos marcam para sempre. Quando saí de Maringá, em 1983, licenciado em Física pela Universidade Estadual de Maringá, fui fazer o Mestrado na UNICAMP em 1984. Eram os estertores do regime militar que levaria ainda mais alguns anos para findar a trágica história política e social do país. Como amava fotografia (tenho um modesto Prêmio FUJI de fotografia - 2o. lugar), fotografei o movimento das Diretas-Já em São Paulo. Daí até a eleição indireta de Tancredo Neves (mais tarde postarei as fotos) e sua agonia no Hospital das Clínias de SP (estive no sala de conferência do HC ouvindo a trágica notícia dada à Nação pelo então porta-voz, jornalista Britto). Porém, neste processo todo, um fato que me emocionou e que sintetizou estes anos de luta e expectativa foi o discurdo de Ulysses Guimarães na promulgação da nova Constituição. Em homenagem a tudo o que passamos, e também à história de cada um, brasileiro, reproduzo este discurso aqui:
[Em 5 de outubro de 1988, num discurso memorável, Ulysses Guimarães declarou promulgada a nova Carta Constitucional]
“Chegamos! Esperamos a Constituição como o vigia espera a aurora. Bem-aventurados os que chegam. Não nos desencaminhamos na longa marcha, não nos desmoralizamos capitulando ante pressões aliciadoras e comprometedoras, não desertamos, não caímos no caminho.
Introduziu o homem no Estado, fazendo-o credor de direitos e serviços, cobráveis inclusive com o mandado de injunção. Tem substância popular e cristã o título que a consagra: “A Constituição cidadã”
A Federação é a governabilidade. A governabilidade da Nação passa pela governabilidade dos Estados e dos municípios. O desgoverno, filho da penúria de recursos, acende a ira popular, que invade primeiro os paços municipais, arranca as grades dos palácios e acabará chegando à rampa do Palácio do Planalto.
A Nação nos mandou executar um serviço. Nós o fizemos com amor, aplicação e sem medo. A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim.
Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria.
Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o estatuto do homem, da liberdade e da democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo.
A moral é o cerne da Pátria. A corrupção é o cupim da República. República suja pela corrupção impune tomba nas mãos de demagogos, que, a pretexto de salvá-la, a tiranizam. Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública.
Não é a Constituição perfeita. Se fosse perfeita, seria irreformável.
Ela própria, com humildade e realismo, admite ser emendada, até por maioria mais acessível, dentro de 5 anos. Não é a Constituição perfeita, mas será útil, pioneira, desbravadora. Será luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados. É caminhando que se abrem os caminhos.
O Estado autoritário prendeu e exilou. A sociedade, com Teotônio Vilela, pela anistia, libertou e repatriou. A sociedade foi Rubens Paiva, não os facínoras que o mataram.
Adeus, meus irmãos. É despedida definitiva, sem o desejo de retorno. Nosso desejo é o da Nação: que este Plenário não abrigue outra Assembléia Nacional Constituinte. Porque, antes da Constituinte, a ditadura já teria trancado as portas desta Casa.
Político, sou caçador de nuvens. Já fui caçado por tempestades. Uma delas, benfazeja, me colocou no topo desta montanha de sonho e de glória. Tive mais do que pedi, cheguei mais longe do que mereço.
Foi a sociedade, mobilizada nos colossais comícios das Diretas-Já, que, pela transição e pela mudança, derrotou o Estado usurpador. Termino com as palavras com que comecei esta fala: a Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar. A Constituição pretende ser a voz, a letra, a vontade política da sociedade rumo à mudança. Que a promulgação seja nosso grito:
- Mudar para vencer! Muda, Brasil! “
terça-feira, 31 de maio de 2011
"DIEU DÉSIRE DU BIEN AUX FOUS"
Corria o agora distante ano de 1987. Havia se passado pouco mais de nove meses desde minha defesa de Mestrado no Instiuto de Física "Gleb Wataghin" da UNICAMP. Motivado por novos desafios, havia retomado o estudo da língua francesa, continuava a estudar viola e compunha a Orquestra Sinfônica jovem de Campinas e, ..., sem que eu próprio esperasse, estaria namorando no final daquele ano.
Foi um ano pródigo! Meu pai realizou seu velho sonho de voltar às suas origens baianas, levando toda a família numa inesquecível viagem rodoviária Brasil adentro até os rincões da Bahia e de sua cidade natal, Igaporã. Neste ano publiquei meu segundo livro: um livro de contos fantásticos pela extinta editora Palavra Muda. Reuni alguns contos que havia escrito de forma dispersa nos anos anteriores. Como não havia ninguém para apresentar a obra, resolvi abrir o livro com um poema em francês de minha autoria. Porém, escrevi-o sob o pseudônimo de Marie Celèstine D'Anécie.
Dedico a reapresentação deste poema a uma época em que reinava ainda a descontração, o frescor da juventude e a insaciável busca pelo conhecimento.
Voilà ...
"God Save the Queen"
Pourquoi?
La phrase correcte doit être:
"Dieu désire du bien aux fous"
Fous? Pourquoi?
Parce que la folie
obscurcie la réalité,
de la tristesse et de l'agonie.
Aliénation au dedans de
l'aliénation de la notre
routininiére existence.
"Dieu désire du bien aux fous"
Non ces fous se soumettent aux
chocs ou les drogues.
Mais, ces libres dans les
tournants de la vie;
ceux, victimes des railleries
des ignorants;
ceux, dont le monde
s'entrecroit avec le nôtre
"Dieu désire du bien aux fous"
(Marie Celestine D'Anécie. Em: Danhoni Neves, M.C. (macedane) Estórias do Inexistir . Campinas: Palavra Muda, 1987, 76p.)
terça-feira, 29 de setembro de 2009
WORKSHOP E MOSTRA - 400 ANOS DA INVENÇÃO DO TELESCÓPIO
PROGRAMAÇÃO
TÍTULO
I Workshop Paranaense de Arte-Ciência: Os 400 anos da Invenção do Telescópio e seus Desdobramentos na Arte
DATA DO EVENTO: 01 a 02 de outubro de 2009.
PROMOCAO:Universidade Estadual de Maringá
Pós-Graduação em Educação para a Ciência e a Matemática - PCM
Grupo de Pesquisa em Ensino de Física, Astronomia e História da Ciência. - GEPEF
Universidade Estadual de Ponta Grossa
PROGRAMAÇÃO
01/10/2008
NOITE
Local: Anfiteatro do Nupélia (UEM - G90)* 19:00 h as 19:30 h - Cadastramento e entrega de material* 19:30 h às 20:00 h - Abertura* 20:00 h às 21:30 h - Palestra: “As Contribuições de Galileo para o Surgimento da Ciência Moderna.” - Prof. Dr. André Koch Torres Assis (UNICAMP)* 21:30 h as 22:00 h - Momento cultural0
2/05/2009
MANHÃ
Local – FADEC...* 8:30 as 10:00 - Mesa redonda – “O legado da obra de Galileu”
Presidente: Marcos Cesar Danhoni Neves
Convidados: Mauro Luciano Baesso; Ricardo Pereira,* 10:00 as 10:30 - Lançamento de livros de ciências, astronomia e educação científica.
* 10:30 as 12:00 – Mesa redonda – “Um paralelo entre arte e ciência: do Renascimento ao inicio do século XXI”Presidente: Marcos Cesar Danhoni Neves
Convidados: Josie Agatha Parrilha da Silva e Giovana Terezinha Simão.
TARDE
Local - G68 – salas 11 e 13 e G56 – sala 209 / PEC (cerâmica)* 13:30 às 15:30 h - Oficinas* 15:30 às 15:45 h - intervalo* 15:45 às 17:30 h- Oficinas - continuação
NOITE
Local - Anfiteatro do Nupélia (UEM - G90)
* 19:30 às 21:00 h - Palestra: “Arte, Ciência e Tecnologia.” - Profa. Dra. Maria Cristina Villanova Biazus (UFRGS)* 21:00 às 21:15 h - Intervalo* 21:15 às 21:45 h - Momento cultural* 21:45 as 22:00 h - Encerramento
OFICINAS
Oficina 1 – “Cerâmica: um mergulho no imaginário”
Responsável: Grupo Terra (UEM)
Local: Sala de Cerâmica da PEC
Valor: kit material – 10,00
Oficina 2 – “A montagem e o uso de instrumentos astronômicos antigos no ensino de astronomia”Responsável: Ricardo Pereira (UEM)
Local: G68, sala 13
Valor: kit material – 5,00
Oficina 3 – “Ótica Lúdica”Responsável: PET FÍSICA (UEM)
Local: G56, sala 212
Valor - kit material – 5,00
Oficina 4 – “Descobrindo a Física, Astronomia e a Astrologia com a construção de Mandala” Responsável: Luzita Erichsen (UEPG)e Maria Aparecida Gonçalves Dias da Silva (UEM)
Local: G56, sala 209
Valor:- kit material – 10,00
Oficina 5 - “Ciência, arte e animação”Responsável: Rene MeyringLocal: G 68, sala 11
Valor: kit material – 10,00
* obs: só poderão participar das oficinas os inscritos no evento. Só será aceita uma única inscrição por oficina.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
CARTA ABERTA DOS ATEUS AO PRESIDENTE LULA
8 de Setembro de 2009 - 23h04
Ateus divulgam Carta Aberta ao presidente Lula
A ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) divulgou a partir de seu site na internet ( http://atea.org.br ) uma Carta Aberta ao presidente Lula criticando recentes declarações dele sobre a questão religiosa. Na carta, os ateus defendem que "somente um estado verdadeiramente laico pode trazer liberdade religiosa verdadeira, através da igualdade plena entre religiosos de todos os matizes, assim como entre religiosos e não-religiosos de todos os tipos, incluindo ateus e agnósticos".
Veja abaixo a íntegra do documento:
Ateus divulgam Carta Aberta ao presidente Lula
A ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) divulgou a partir de seu site na internet ( http://atea.org.br ) uma Carta Aberta ao presidente Lula criticando recentes declarações dele sobre a questão religiosa. Na carta, os ateus defendem que "somente um estado verdadeiramente laico pode trazer liberdade religiosa verdadeira, através da igualdade plena entre religiosos de todos os matizes, assim como entre religiosos e não-religiosos de todos os tipos, incluindo ateus e agnósticos".
Veja abaixo a íntegra do documento:
Carta aberta dos ateus ao presidente Lula
Caro presidente
o senhor chegou ao poder carregado pela bandeira de uma sociedade mais justa e mais inclusiva. O uso da palavra "excluídos" no vocabulário das políticas públicas tem o mérito de nos lembrar que as conquistas de nossa sociedade devem ser estendidas a todos, sem exceção. Sim, devemos incluir os negros, incluir as mulheres, incluir os miseráveis, incluir os homossexuais. Mas, presidente, também é preciso incluir ateus e agnósticos, e todos os demais indivíduos que não têm religião.
Infelizmente, diversas declarações pessoais suas, assim como políticas do seu governo, têm deposto em contrário. Ontem mesmo o senhor afirmou que há "muitos" ateus que falam sobre a divindade da mitologia cristã quando estão em perigo. Ora, quando alguém diz "viche", é difícil imaginar que esteja pensando em uma mulher palestina que se alega ter concebido há mais de dois mil anos sem pai biológico. Com o tempo, algumas expressões se cristalizam na língua e perdem toda a referência ao seu significado estrito. Esse é o caso das interjeições que são religiosas em sua raiz, mas há muito estão secularizadas. Se valesse apenas a etimologia, não poderíamos nem falar "caramba" sem tirar as crianças da sala.
Sua afirmação é a de quem vê “muitos” ateus como hipócritas ou autocontraditórios, pessoas sem força de convicção que no íntimo não são descrentes. Nós, membros da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, não temos conhecimento desses ateus, e consideramos que essa referência a tantos de nós é ofensiva e preconceituosa. Todos os credos e convicções têm sua generosa parcela de canalhas e incoerentes; utilizar os ateus como exemplo particular dessas características negativas, como se fôssemos mais canalhas e mais incoerentes, é uma acusação grave que afronta a nossa dignidade. E os ateus, presidente, também têm dignidade.
Duas semanas atrás, o senhor afirmou que a religião pode manter os jovens longe da violência e delinqüência e que “com mais religião, o mundo seria menos violento e com muito mais paz”. Mas dizer que as pessoas religiosas são menos violentas e conduzem mais à paz é exatamente o mesmo que dizer que as pessoas menos religiosas são mais violentas e conduzem mais à guerra. Então, presidente, segundo o senhor, além de incoerentes e hipócritas, os ateus são criminosos e violentos? Não lhe parece estranho que tantos países tão violentos estejam tão cheios de religião, e tantos países com frações tão altas de ateus tenham baixíssimos índices de criminalidade? Não é curioso que as cadeias brasileiras estejam repletas de cristãos, assim como as páginas dos escândalos políticos? Algumas das pessoas com convicções religiosas mais fortes de que se tem notícia morreram ao lançar aviões contra arranha-céus e se comprazeram ao negar o direito mais básico do divórcio a centenas de milhões de pessoas. Durante séculos.
O mundo realmente tinha mais paz e menos violência quando havia mais religião? O despotismo dos soberanos católicos na Europa medieval e a crueldade dos feitores e senhores de escravos no Brasil-colônia vieram de pessoas religiosas em um mundo amplamente religioso que violentava povos e mentes em nome da religião. O mundo não tinha mais paz nem menos violência naquela época, como o sabem muito bem os negros e índios.
Não eram católicos os generais da ditadura contra a qual o senhor lutou, e o seu exército de torturadores? Não haveria um crucifixo nas paredes do DOPS onde o senhor foi preso? A base dos direitos individuais invioláveis pela qual o senhor tanto lutou são as democracias modernas, seculares e laicas, e não os regimes religiosos. Tanto a geografia como a história dão exemplos claros de que mais religião não traz mais paz nem menos violência.
A prática de diminuir, ofender, desumanizar, descaracterizar e humilhar grupos sociais é antiga e foi utilizada desde sempre para justificar guerras, perseguição e, em uma palavra, exclusão. Presidente, por que é que o senhor exclui a nós, ateus, do rol de indivíduos com moralidade, integridade e valores democráticos? No Brasil, os ateus não têm sequer o direito de saberem quantos são. O Estado do qual eles são cidadãos plenos designa recenseadores para ir até suas casas e lhes perguntar qual é sua religião. Mas se dizem que são ateus ou agnósticos, seus números específicos lhes são negados. Presidente, através de pesquisas particulares sabemos que há milhões de ateus no país, mas o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que publica os números de grupos religiosos que têm apenas algumas dezenas de membros, não nos concede essa mesma deferência. Onde está a inclusão se nos é negado até o direito de auto-conhecimento? Esse profundo desrespeito é um fruto evidente da noção, que o senhor vem pormenorizando com todas as letras, de que os ateus não merecem ser cidadãos plenos. Presidente, queremos aqui dizer para todos: somos cidadãos, e temos direitos. Incluindo o de não sermos vilipendiados em praça pública pelo chefe do nosso Estado, eleito com o voto, também, de muitos ateus, que agora se sentem traídos.
Presidente, não podemos deixar de apontar que somente um estado verdadeiramente laico pode trazer liberdade religiosa verdadeira, através da igualdade plena entre religiosos de todos os matizes, assim como entre religiosos e não-religiosos de todos os tipos, incluindo ateus e agnósticos. Infelizmente, seu governo não apenas tem sido leniente com violações históricas da laicidade do Estado brasileiro, como agora espontaneamente introduziu o maior retrocesso imaginável nessa área que foi a assinatura do acordo com a Sé de Roma, escorado na chamada lei geral das religiões.
Ambos os documentos constituem atentado flagrante ao art. 19 da Constituição Federal, que veda “relações de dependência ou aliança com cultos religiosos ou igrejas”. E acordos, tanto na linguagem comum como no jargão jurídico, são precisamente isso: relações de aliança. Laicidade, senhor presidente, não é ecumenismo. O acordo com Roma já era grave; estender suas benesses indevidas a outros grupos não diminui a desigualdade, apenas a aumenta. Nós não queremos privilégios: queremos igualdade e o cumprimento estrito da lei, e muitos setores da sociedade, religiosos e laicos, têm exatamente esse mesmo entendimento. Além de violar nossa lei maior, a própria idéia da lei geral das religiões reforça a política estatal de preterir os ateus sempre e em tudo que lhes diz respeito como ateus. Com que direito o Estado que também é nosso pode ser seqüestrado para promover qualquer religião em particular, ou mesmo as religiões em geral? Com que direito os religiosos se apossam do dinheiro dos nossos impostos e do Estado que também é nosso para promover suas crenças particulares? Religião não é, e não pode jamais ser política pública: é opção privada. O Estado pertence a todos os cidadãos, sem distinção de raça, cor, idade, sexo, ideologia ou credo. Nenhum grupo social pode ser discriminado ou privilegiado. Esse é um princípio fundamental da democracia. Isso é um reflexo das leis mais elementares de administração pública, como o princípio da impessoalidade. Caso aquelas leis venham de fato integrar-se ao nosso ordenamento jurídico, os ateus se juntarão a tantos outros grupos que irão ao judiciário para que nossa realidade não volte ao que era antes do século retrasado.
Presidente, por tudo isso será que os ateus não merecem inclusão sequer em um pedido de desculpas?
terça-feira, 1 de setembro de 2009
GESTÃO SBPC-PR
Durante 5 anos fui Secretário Regional da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). Durane toda gestão realiozamos diversas atividades nos campos da ciência, da educação e da política. Na ciência, realizamos eventos em todas as SNCT (Semana Nacional de Ciência e Tecnologia). Na educação, produzimos a página http://www.sbpc-pr.com.br/, editamos cinco livros, um curta-metragem em celebração à invenção do avião por Santos-Dumont, além de dois hipertextos. No campo político atuamos na defesa da carreira docente, de políticas públicas para a educação, cultura e ciência, na defesa do PET (Programa de Educação Tutorial), na defesa da escolha direta pela comunidade dos diretores das escolas municipais, e na defesa de um percentual maior de recursos para o fomento da ciência (especialmente a Fundação Araucária).
Dentro da própria SBPC (nacional) tenho sido voz para a democratização da gestão com preocupação com a base, pela associação a R$ 1,00 (um real). Ciência deve ser gratuita por natureza! Além do mais, é necessário que a Sociedade, histórica em suas batalhas, prime pelo diálogo aberto, contínuo e intransigente da educação e da ciência públicas no país.
Como Secretário adjunto espero continuar colaborando com o que foi semeado no árido campo da educação científica no país.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
SOBRE PSEUDOCIÊNCIAS...
JC e-mail 3740, de 13 de Abril de 2009.
Ciência paranormal, artigo de Marcelo Leite
“Os cruzados do clima e do criacionismo se tomam por cavaleiros do novo paradigma, em investida contra o moinho climático e darwiniano”
“Os cruzados do clima e do criacionismo se tomam por cavaleiros do novo paradigma, em investida contra o moinho climático e darwiniano”
Marcelo Leite é autor de "Folha Explica Darwin" (Publifolha, 2009) e do livro de ficção infanto-juvenil "Fogo Verde" (Editora Ática, 2009), sobre biocombustíveis e florestas.
Artigo publicado na “Folha de SP”:
Leia esta coluna como um desabafo.
Após quase três décadas de jornalismo científico, nas quais esse campo deu um salto notável, é desanimador encontrar a imprensa ainda vulnerável ao assédio de grupos marginais que, na falta de melhor nome, caberia caracterizar como "ciência paranormal".
Não se trata bem da pseudociência tradicional, daquele tipo fraudulento que vende barbatana de tubarão ou cogumelo solar como a última palavra da pesquisa. Refiro-me aos cruzados que se empenham no assalto à ciência natural estabelecida.
À frente marcham os céticos do aquecimento global - mais bem-sucedidos em suas incursões midiáticas - e da evolução por seleção natural - menos ouvidos por jornalistas, mas com maior inserção social por meio de igrejas e seitas.
Não admitem fazê-lo por razões ideológicas, morais ou dogmáticas, como a Igreja Católica nas suas campanhas contra a camisinha e as células-tronco embrionárias, mas usam armas similares.
Sua tática tem por alvo a noção de "ciência estabelecida". O nome pode ser ruim, mas designa uma coisa boa: o estado da arte do conhecimento, conjunto variável de explicações sobre o mundo natural apoiado em observações e aceito pela comunidade mundial de pesquisadores. O consenso muda o tempo todo, mas mantém um núcleo que Thomas Kuhn chamou de "ciência normal".
Esta sobrevive até que observações discordantes se acumulem a ponto de desencadear a famosa "mudança de paradigma". As teorias são abandonadas ou radicalmente transformadas, dando origem a outra ciência normal. Os cruzados do clima e do criacionismo se tomam por cavaleiros do novo paradigma, em investida contra o moinho climático e darwiniano. Promovem qualquer artigo obscuro a resultado discordante que vai derrubar a ciência normal.
Alegam censura e repressão, quando sua "ciência" não é reconhecida (como a "teoria" do design inteligente).Outra tática empregada é apresentar como prova de refutação as lacunas e incertezas inerentes ao conhecimento científico. Os evolucionistas não têm uma explicação completa da origem bioquímica da vida, portanto estão errados. Modelos climáticos não passam de simulações, portanto seus resultados são inservíveis.
O mantra dos céticos do aquecimento é acusar o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima) de ignorar a variabilidade natural do clima. Segundo os cavaleiros do paradigma, o painel da ONU menospreza influências como as variações na radiação solar resultantes dos ciclos de atividade da estrela, ou como vulcões e raios cósmicos. Não é verdade.
Os aproximadamente 500 autores e 400 revisores do capítulo sobre a base de ciência física do "Quarto Relatório de Avaliação" do IPCC (AR-4, 2007) consideraram a literatura sobre aqueles fatores naturais, sim. Concluíram que eles contribuem com cerca de um décimo do potencial de aquecimento das atividades humanas, como a emissão de gás carbônico pela queima de combustíveis fósseis e florestas.
É uma questão que admite abordagem empírica. Para isso, cientistas que discordam têm de produzir novos dados e submetê-los à avaliação de seus pares, não de jornalistas.
O IPCC pode não ser santo, mas é honesto e transparente. Já os céticos e criacionistas não param de pé sem uma conspiração repressora de governos, imprensa leiga e periódicos científicos para calar os que bebem a Verdade de fontes a que só eles, os escolhidos, têm acesso.(Folha de SP, 12/4)
terça-feira, 7 de abril de 2009
PRIMEIRA POSTAGEM
Este Blog tem a intenção de mostrar os vários projetos elaborados e material verbo-visual (livros e filmes) produzidos pelo Prof. MARCOS CESAR DANHONI NEVES, Professor Titular do Departamento de Física da UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ ao longo das duas últimas décadas, em prol da educação e da divulgação científica em todos os níveis.
* (caricatura do artista de rua Tommaso Ponti, napoletano, à la Escher, 1998).
terça-feira, 20 de março de 2007
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